quinta-feira, 9 de junho de 2011

A Funcionalidade do Método Pilates no Jiu Jitsu



Abordarei a relação entre o Pilates e o Jiu-Jitsu, ou seja, como alguns exercícios funcionais de Pilates podem ajudar na melhora do gesto esportivo e assim aumentar o desempenho durante a luta, assim como auxiliar no trabalho de prevenção de lesões, diminuindo a sobrecarga e a redução do gasto de energia durante os movimentos.

Para isso, demonstrarei alguns exercícios de Pilates Solo, isto é, somente com a movimentação do corpo, e que podem ser feitos por qualquer atleta, seja em casa ou na academia.
Antes de iniciar a execução dos exercícios, vamos rever os princípios que definem o Pilates:

1. Concentração: é essencial a concentração durante toda a execução dos movimentos, mantendo a atenção em cada parte do corpo, objetivando assim a aprendizagem motora e maior consciência corporal;
2. Controle: é importante o controle de todos os movimentos para melhorar a coordenação motora, desenvolvendo movimentos harmônicos e suaves, evitando assim contrações musculares inadequadas ou indesejáveis;
3. Precisão: trata-se do refinamento do controle e equilíbrio de diferentes músculos envolvidos no movimento.
4. Centramento: o centro de força é o foco para o controle corporal, onde forma uma estrutura de suporte responsável pela sustentação da coluna e órgãos internos. O fortalecimento da musculatura do centro de força proporciona a estabilização do tronco e o alinhamento biomecânico com menor gasto de energia durante os movimentos;
5. Respiração: busca-se melhorar a capacidade pulmonar, melhorando a circulação e promovendo um ritmo respiratório mais tranqüilo. O ciclo respiratório proposto ocorre na seguinte ordem: inspiração torácica, expiração do tórax superior, expiração do tórax inferior, expiração abdominal, onde o ciclo deve ser sincronizado durante toda a execução dos movimentos;
6. Fluidez: movimento deve ser de forma controlada e contínua, que absorva os impactos do corpo com o solo e que use a inércia, contribuindo para a manutenção da saúde do corpo.

 - Push-up Knees:
 

Objetivo: Fortalecimento de peitoral, tríceps, deltóide, extensores de punho, abdome (centro de força), paravertebrais, quadríceps, ganho de mobilidade de quadril e estabilização dinâmica.

Execução: Iniciar na posição de flexão de braço, com mãos e pés apoiados no solo, irá inspirar para preparar e quando iniciar a expiração, contrair o abdome e realizar uma flexão de quadril e uma flexão de 90º de joelhos, em direção ao meio dos braços, mantendo a coluna ereta e a cabeça alinhada com o tronco. Retornar a posição inicial.

Atenção: Ao flexionar o quadril e o joelho, manter a coluna ereta evitando a sobrecarga na região lombar. 

Funcionalidade no Jiu-Jitsu: Auxiliar no movimento de “colocar joelho na barriga” com melhora do equilíbrio, distribuição de peso e controle corporal.

Joelho na barriga
 

 - Teaser:
 

Objetivo: Fortalecimento de transverso do abdome, reto abdominal, flexores de tronco e de quadril, estabilização escapular e lombopélvica, estabilização dinâmica e alongamento axial.

Execução: Iniciar na posição de decúbito dorsal (barriga para cima), inspirar realizando a flexão de quadril e de joelhos a 90º, quando iniciar a expiração, contrair o abdome e realizar uma flexão da cervical (colocar queixo no peito) ao mesmo tempo em que irá realizar uma flexão de tronco e elevar as pernas com extensão de joelhos e os braços com cotovelos em extensão mantendo a postura ereta mantendo a cervical em posição neutra assim como a manutenção do equilíbrio e da postura por meio da contração dos músculos abdominais profundos (centro de força), a posição dos pés em extensão de tornozelo. Manter a posição por um período pré-estabelecido. Retornar a posição inicial.

Atenção: Durante todo movimento controlar a contração abdominal e realizar o alongamento axial (como se alguém estivesse puxando um fio de cabelo para que a coluna esteja sempre ereta) durante a manutenção da postura.
 

Funcionalidade no Jiu-Jitsu: Auxiliar no movimento de “guarda”, principalmente para os atletas que preferem fazer uso de pé no bíceps /quadril ou guarda com gancho, assim como defender uma passagem de guarda. Melhora do controle corporal, redução de gasto de energia por melhora da estabilização dinâmica e da mobilidade de coluna, diminuindo assim a sobrecarga nas pernas, braços e coluna.

Movimento de guarda


3º Roll over (Rolamento por cima):
 

Objetivo: Fortalecimento de transverso do abdome, reto abdominal, flexores de quadril, ganho de mobilidade de coluna e alongamento de posterior de coxa.

Execução: Iniciar na posição de decúbito dorsal (barriga para cima), inspirar para preparar e ao expirar elevar as pernas em direção à cabeça enquanto sobe o quadril e flexionar a coluna gradativamente, até que as pernas estejam sobre a cabeça, paralelas com o solo, e o apoio esteja sobre as escápulas (asinhas das costas), para realizar o alongamento de posterior de coxa, segure a ponta dos pés mantendo a extensão de joelho. Inspire novamente e ao expirar, devolva uma vértebra de cada vez ao solo, controlando o abdome e voltando à posição inicial.

Atenção: Durante todo movimento controlar a contração abdominal. Para pessoas com dor na coluna, realizar o exercício com cautela e sem presença de dor durante o movimento.

Funcionalidade no Jiu-Jitsu: Auxilia no movimento de guarda, tornando o atleta mais flexível e com maior mobilidade, para defender passagens de guarda, para executar raspagens com mais controle e em movimentos de guarda invertida.
Guarda invertida / emborcada



4º - Ponte:

Objetivo: Fortalecimento de transverso do abdome, reto abdominal, glúteos, posterior de coxa, paravertebrais e mobilização da coluna.

Execução: Iniciar na posição de decúbito dorsal (barriga para cima), irá flexionar joelhos e quadril a 90º com pés apoiados no solo, inspirar para preparar e ao expirar elevar o quadril realizando o movimento de ponte, a elevação do quadril deve ser suficiente para que possa ser traçada uma linha reta imaginária passando pelo joelhos, quadril e ombros (como mostra a figura) . Inspire novamente e ao expirar, devolva uma vértebra de cada vez ao solo, controlando o abdome e voltando à posição inicial.

Atenção: Durante todo movimento controlar a contração abdominal. Pode ser realizado por meio de repetições ou somente sustentar a posição por um determinado tempo.

Funcionalidade no Jiu-Jitsu: Auxilia nos movimentos que exijam explosão e elevação do quadril, como uma saída da montada, dos “100 quilos” ou mesmo para uma inversão de posição.
 

Movimento de elevação do quadril – “upa” 
5º Jacknife (Canivete):
 

Objetivo: Fortalecimento de transverso do abdome, reto abdominal, oblíquo externo, flexores de quadril, ganho de mobilidade de coluna e estabilização dinâmica.

Execução: Iniciar na posição de decúbito dorsal (barriga para cima), inspirar para preparar e ao expirar elevar as pernas à 90º unidas, rolar a coluna para cima até ficar com os ombros apoiados no solo. Inspire novamente e ao expirar, devolva uma vértebra de cada vez ao solo, controlando o abdome e voltando à posição inicial.

Atenção: Durante todo movimento controlar a contração abdominal. Não perder o contato dos ombros e pescoço do solo durante o movimento, certificando-se que o peso está sobre os ombros e não na cervical.
 

Funcionalidade no Jiu-Jitsu: Essencial nos movimentos que exijam elevação do quadril e mobilidade da coluna, além de estabilização do corpo, como no caso do adversário realizar a “levantada técnica”, esta postura auxilia em movimentos de raspagens, defesa desta passagem ou mesmo partir para leg-lock, e em casos de ataque a omoplata ou arm-lock que necessitam da elevação do quadril e estabilização e controle corporal.

Subida para ataque de omoplata

Portanto, esses são somente alguns exemplos de como o Método Pilates pode ajudar na melhora do desempenho esportivo dos lutadores de Jiu-Jitsu. Por fim, lembrar-se que o Pilates deve ser sempre orientado por um profissional habilitado e formado no Método Pilates, cabendo ao mesmo a progressão segura na evolução dos exercícios dentro da capacidade física de cada atleta.

Espero que essas informações colaborem para a melhora do programa de treinamento assim como no desempenho dos atletas, tendo em vista sempre os melhores resultados!
Bons treinos e até a próxima!

*Por Luís Felipe Minechelli
Faixa-preta de Jiu-Jitsu
Colaborador do site OLutador.com
Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia no Esporte (CETE-UNIFESP)
Fisioterapeuta da Clínica Sportfisio – Total Performance
Fisioterapeuta e idealizador da Reaction Fit – Fisioterapia e Pilates
Tel: (11) 9233-9531

** Colaboração: Cyrus Alexandre
Faixa-preta de Jiu-Jitsu
Fisioterapeuta

Recuperando a Produção Natural de Testosterona


Por Waldemar Marques Guimarães Neto CREF 004810-G/PR e Rodolfo Anthero de Noronha Peres CRN3 16389

Muito se fala de ciclo de drogas anabólicas androgênicas e de seus efeitos colaterais¸ mas pouco se comenta a respeito de como restituir os níveis normais de testosterona e de como minimizar efeitos colaterais. Alguns segmentos da mídia¸ neste tocante¸ parecem bastante inconseqüentes e até cínicos; como se desejassem que usuários destas drogas realmente tivessem salientado todos os efeitos colaterais que adoram mencionar¸ só para que “levem uma lição”¸ e preferencialmente que morram. Afinal¸ pessoas que utilizam estas drogas normalmente possuem mais massa muscular comparado com as que não utilizam. O instinto primitivo¸ por demais saliente no menos culto¸ deseja “eliminar” sempre que possível aquele¸ que é o macho mais forte¸ para que ele¸ mais fraco e miserável¸ possa cobrir mais fêmeas.

Um ciclo para recuperação da produção dos níveis naturais de testosterona é normalmente recomendado para quem termina um ciclo de esteróides anabólicos de característica bem androgênica¸ como aqueles com testosterona aquosa¸ testosterona nas formas propionato¸ cipionato¸ enantato¸ nos compostos como Durateston¸ nas orais metandrostenolona e oximetolona¸ etc.

Algumas estratégias podem surtir efeito recuperativo bastante expressivo¸ mesmo entre aqueles que usaram muita(s) droga(s) androgênica(s). Existe ainda¸ uma tendência natural da recuperação se tornar cada vez mais difícil¸ na medida em que a pessoa avança sua idade. A única forma de averiguar precisamente esse fato¸ bem como precisar dosagem¸ é com a realização de um exame sanguíneo específico¸ e com a prescrição de um médico que entende do assunto. Você terá maior probabilidade de encontrar um cuja especialidade seja endocrinologia¸ urologia ou geriatria.

Em condições normais¸ a tendência¸ mesmo após um ciclo pesado¸ é o restabelecimento da produção natural de testosterona¸ mesmo sem o uso de droga nenhuma. No entanto¸ esse processo poderá ser muito lento¸ impossibilitando um próximo ciclo com curto intervalo. Lembremos que pessoas pouco pacientes e alguns atletas competitivos não dispõem – ou não desejam – dar muito tempo de intervalo entre ciclos. Inclusive¸ existem relatos de esterilização persistente em usuários sistemáticos de esteróides anabólicos.
É bom lembrar que¸ durante o uso de esteróides anabólicos androgênicos¸ ocorre uma tendência de aumento da libido¸ ou seja¸ o usuário poderá cobiçar até a galinha do terreiro ou o buraco da parede. Mas¸ ao cessar o uso¸ com a queda dos níveis de testosterona¸ um efeito reverso é comum. O indivíduo poderá passar por momentos difíceis com a namorada¸ esposa¸ amante¸ etc. Portanto¸ é conveniente levar a sério o ciclo recuperativo¸ a não ser que se tenha um monte de Viagra no bolso. Nada como se fiar em suas condições biológicas naturais¸ pelo menos nesse caso.

A restituição dos níveis naturais de testosterona em curto prazo¸ também é útil para minimizar a perda da massa e força muscular¸ evitar sintomas de depressão¸ acúmulo de gordura corporal e restituição da libido¸ porque são esses os indesejáveis sintomas experimentados pelos desavisados e descuidados.

O início de um ciclo de recuperação irá depender da meia vida da última ou das últimas drogas administradas. Se foi algo como Durateston¸ inicia-se o ciclo de 3 a 4 semanas após a última aplicação¸ pois a testosterona exógena ainda estará atuando¸ criando um efeito inibitório pela sua ação de supressão dos hormônios gonadotrópicos. Se for uma droga como o propionato de testosterona¸ poucos dias após a última aplicação poderão ser suficientes para iniciar tal ciclo. Já se for uma droga oral¸ com horas de meia vida¸ no dia seguinte pode-se iniciar a utilização desse recurso recuperativo¸ desde que não haja a ação de uma outra droga de duração mais longa combinada.

A droga primária a ser utilizada após ciclos longos e com drogas mais androgênicas é o HCG¸ pois está ligada a restauração da atrofia testicular sofrida pelo uso de esteróides anabólicos muito androgênicos. Esta é uma droga que provoca a fertilização (ovulação) em mulheres com dificuldade para engravidar. O HCG é elaborado a partir da purificação da urina de mulheres grávidas¸ que naturalmente é rica nesse hormônio. Já que não é um hormônio masculino¸ ele acaba por imitar o LH (Hormônio Luteinizante)¸ que é um estimulador da produção de testosterona presente no organismo. Como ponto negativo¸ há uma teoria que relaciona o uso contínuo e prolongado de HCG com o fechamento definitivo do mecanismo natural de produção de testosterona no homem. Drogas antiestrogênicas como o Clomid (citrato de clomifeno) e o Nolvadex (citrato de tamoxifeno)¸ funcionam como drogas auxiliares para o restabelecimento e manutenção dos níveis de LH¸ que está diretamente relacionado com a volta progressiva na produção natural de testosterona¸ combatendo assim¸ a ação supressora dos estrógenos. Mas o principal é a retomada das funções normais dos testículos. Por isso¸ não vemos utilidade em usar somente anti-estrógenos após ciclos pesados e mais longos¸ quando o objetivo é restabelecer a produção normal e natural de testosterona.

É conveniente posicionar que mulheres que fazem ciclos de esteróides anabólicos androgênicos¸ não utilizam nenhum meio para restituição dos níveis naturais de testosterona¸ pois produzem cerca de 10 a 14 vezes menos testosterona que o homem¸ sendo que esta não advém dos testículos¸ mesmo porque mulheres não os possuem¸ ou pelo menos não deveriam! Esse hormônio pelas mulheres é produzido pelo ovário. Após ciclos curtos¸ com drogas mais leves e ou de meia vida curta¸ somente a utilização de anti-estrógenos parece auxiliar a retomada da produção de testosterona. Nesse caso¸ o uso de citrato de clomifeno parece fazer a mágica. Mas a única forma de averiguar é com o exame sanguíneo específico e a análise de um médico especialista.

Na verdade¸ a grande maior parte de indivíduos que insistem em fazer uso de esteróides anabólicos androgênicos¸ deveriam se fiar em treino sério e dieta equilibrada e não fazer ciclo de drogas algum. Dentre estes desavisados¸ é ainda comum não haver um devido intervalo entre os ciclos¸ o que não permite a devida restauração dos níveis naturais de testosterona¸ salientando os riscos de possíveis efeitos colaterais. Ou mesmo¸ atravessam por intervalos tão curtos e desconhecendo a meia vida da última droga utilizada – por completa ignorância – permanecem no ciclo o tempo inteiro.

O período mínimo de descanso entre ciclos dependerá da meia vida das drogas utilizadas¸ da utilização ou não de anti-estrógenos e HCG durante o intervalo. Perdas são normais nessa fase¸ mesmo porque¸ dentre outras coisas¸ drogas anabólicas promovem muita retenção hídrica intra-celular. Lembremos que aproximadamente 70% do volume muscular é composto de água. Quem entra nessa guerra¸ deve estar consciente das perdas eventuais e ser devidamente orientado para administrá-la biológica e mentalmente.

Alguns atletas que suportam o uso de clembuterol o utilizam entre ciclos¸ num esforço para manter a maior massa muscular possível e controlar o tecido gorduroso subcutâneo. Porém¸ outras estratégias mais saudáveis também podem ser utilizadas. Isso envolve o treinamento¸ que deve continuar com a devida intensidade e volume¸ sempre levando em conta que¸ após um ciclo¸ a tendência é uma diminuição nas variáveis funcionais. O atleta não deve parar de treinar¸ porém fazê-lo com sabedoria. A manutenção de dieta adequada e o uso de suplementos com ação anti-catabólica¸ tais como HMB¸ glutamina¸ creatina e BCAA’s também devem ser considerados. O uso de vitamina C é uma ótima medida¸ visto que ela auxilia no controle da produção de cortisol pelo organismo. Como se sabe¸ esse hormônio catabólico apresenta seus níveis elevados no término de um ciclo. Vale ainda ressaltar que reduzir muito a ingestão de carboidratos nessa fase não seria adequado¸ pois a restrição severa esse nutriente ocasiona um aumento considerável na produção de cortisol.

Para informações mais detalhadas sobre ciclos de recuperação dos níveis naturais de testosterona e outras drogas utilizadas para melhorar a performance e a aparência física¸ leiam o livro Guerra Metabólica – Manual de Sobrevivência.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Maioria ignora médico e sofre lesão ao malhar. Em SP, 90% das pessoas não passam por avaliação antes de iniciar um treino e por isso se machucam.

Para começar a frequentar a academia não basta encontrar tempo, ter força de vontade e comprar um bom par de tênis. Fazer uma avaliação médica completa é essencial para prevenir acidentes e lesões, mas o procedimento é deixado de lado por 90% dos atletas iniciantes de São Paulo. Esse é o resultado de um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo com base nos pacientes atendidos em 2010 pelo Ambulatório Médico Esportivo do Hospital Estadual Ipiranga, na zona sul da capital.
ERNESTO RODRIGUES/AE

Responsável pela pesquisa, o médico do esporte Ricardo Galotti conta que já esperava que esse número fosse alto, mas se surpreendeu com o índice de 90%. Ele reuniu informações de atletas e iniciantes colhidas no próprio ambulatório, no qual atua como coordenador, e também em eventos esportivos. "É uma questão cultural. As pessoas não costumam ir ao médico quando não estão doentes. Além disso, muitas academias não exigem atestado médico. A pessoa faz a matrícula e começa a se exercitar."
Participaram do levantamento 700 pacientes atendidos no ambulatório em 2010, dos quais 60% praticavam futebol, 20% atletismo, 10% artes marciais e outros 10% praticavam modalidades diversas, como voleibol, skate e surfe. "Se uma pessoa com patologias cardíacas praticar um esporte que exija muito esforço, é possível ter complicações que podem levá-la à morte. As patologias ortopédicas também podem piorar com uma atividade física inapropriada", explica Galotti.
De acordo com o médico Jomar Souza, especialista em medicina do esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME), os exames ‘pré-malhação’ têm duas funções essenciais: prever se determinado exercício poderia colocar a vida da pessoa em risco e verificar se o futuro esportista é vulnerável a lesões ósseas e musculares, no caso de ele ter problemas de postura ou de flexibilidade.
"Se pensarmos na atividade física como um remédio, fica fácil perceber que a dosagem inadequada pode ter efeitos colaterais nocivos, por isso é importante fazer uma avaliação para saber qual é a melhor atividade", diz Souza.
De acordo com a educadora física Regina Bento Oliveira, coordenadora técnica de uma rede de academias da cidade, o maior risco para quem não faz o exame médico antes de começar um exercício são as chamadas doenças silenciosas. "O problema são doenças como hipertensão e diabete, que podem aparecer tanto em crianças de 12 anos de idade como em pessoas adultas que não têm nem histórico familiar", explica. Galotti completa que é muito comum uma doença cardíaca começar a se manifestar durante os exercícios, sem que isso nunca tenha acontecido antes.
Sem orientação. No caso da historiadora Bianca Rios, de 26 anos, que começou a fazer musculação, aeróbica e esteira há duas semanas, a consulta ao médico foi deliberadamente evitada. "Na verdade, eu nem posso fazer academia, pois tenho duas hérnias de disco. Mas, como quero ficar em forma, comecei assim mesmo e até agora estou gostando", admite. Ela contou ao instrutor sobre seu problema e diz que ele está evitando indicar exercícios que comprometam a região lombar.
"Não fui ao médico porque sabia que ele não iria liberar os exercícios. Além disso, é muito difícil conseguir consulta pelo meu convênio", garante a historiadora. No último mês ela está arriscando até mesmo alguns exercícios na plataforma Wii Fit (jogos de videogame que simulam exercícios físicos).
Joelhos são as áreas mais frágeis. Uma boa avaliação médica pré-exercício engloba exames cardiovasculares, exames de sangue e testes ortopédicos. Para o médico do esporte Jomar Souza, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME), essa avaliação ajuda o instrutor da academia a desenvolver um plano de exercícios personalizado e adequado.
"A pessoa já vai chegar à academia com algumas orientações sobre o que pode e o que não pode ser feito. Os exames mostram qual é seu perfil corporal, sua flexibilidade", explica. A educadora física Regina Bento Oliveira acredita que o trabalho em conjunto entre o médico e o instrutor beneficia muito o aluno. "É importante que ele traga um exame atualizado para eu saber em que pontos posso forçar e direcionar o treino", acredita.
Segundo Regina, geralmente existe uma falta de comunicação entre os profissionais relacionados às atividades físicas. "Quando tenho alguma aluna com um problema, sempre pego o telefone do médico e entro em contato. Deve ser um trabalho multidisciplinar", avalia.
De acordo com o estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde, 70% das lesões ocorridas durante o exercício acometem o joelho do praticante, mas há outros alvos fáceis. "Tendinites, lesões nos ligamentos e dores na coluna também são muito comuns", enumera o médico do esporte Ricardo Galotti, diretor do Ambulatório Médico Esportivo do Hospital Estadual Ipiranga e autor do levantamento.
Segundo Galotti, ocorrências cardiovasculares, embora sejam mais graves, ocorrem com muito menos frequência durante a prática de exercícios físicos. A avaliação física pode ser feita por um médico do esporte, um ortopedista, um cardiologista ou mesmo um pediatra, no caso das crianças.
Para os médicos da área esportiva, a maioria das pessoas, mesmo as que têm lesões como a de Bianca, pode fazer alguma atividade física. "A quantidade de patologias que impedem totalmente a atividade física é baixíssima. A gente sempre encontra uma atividade adequada a cada pessoa e, se ela faz questão de fazer determinada modalidade, passamos orientações sobre como deve praticá-la para não agravar seus problemas", diz Souza.
lista COM CUIDADO
link Exercícios, quando orientados, são benéficos para a saúde. A Organização Mundial de Saúde indica 150 minutos por semana
link Se essa recomendação fosse seguida, cerca de 25% dos casos de câncer de mama e de cólon poderiam ser evitados, segundo dados da União Internacional para o Controle de Câncer
link Exercícios também ajudam a manter o peso saudável e a controlar diabete e hipertensão
Fonte: Mariana Lenharo - Jornal da Tarde.

O método Pilates carece de Instrutores Treinados?




Pilates, método popular de treinamento de resistência está enfrentando um problema: O número de pessoas se matriculando para fazer as aulas está excedendo o número de pessoas qualificadas para ensiná-las. Como diversos exercícios, o Pilates, envolve o uso do pescoço e da coluna, mais do que em outros exercícios convencionais. Para praticar o Pilates é necessária a orientação de um instrutor, sempre presente, pois o exercício deve ter concentração e controle da respiração.
Para ser um instrutor de Pilates são necessários meses de treinamento, mas ainda existem empresas que entregam licenças após um rápido final de semana de curso. Pilates não é a única modalidade de condicionamento físico que está tendo que determinar se seus padrões são permissivos demais. Personal trainers e instrutores de yoga também têm recebido queixas de clientes que se machucaram praticando os exercícios.
Os entusiastas pelo condicionamento físico da terceira idade – de jogadores profissionais de golfe até donas de casa – aderiram ao Pilates, uma forma de treinamento de resistência que fortalece os músculos e reduz a rigidez através de exercícios precisos e que exigem colchonetes e equipamentos elaborados.
Em parte pela reputação de reduzir e dor lombar, Pilates se tornou uma das modalidades de mais rápido crescimento no país, especialmente entre os “Baby Boomers” desgastados por anos de Cooper e tênis. Baby Boomers é a geração nascida entre 1946 e 1964, que redefiniu o envelhecimento. De acordo com a Sporting Goods Manufactures Association o número de pessoas fazendo Pilates aumentou de 2,4 milhões em 2001 para aproximadamente 9,5 milhões de pessoas em 2003, último ano em que os números estão disponíveis.
No entanto, o número de instrutores de Pilates e donos de academias está crescendo para uma direção arriscada. Kevin Bowen, chefe executivo da Pilates Method Alliance, um grupo sem fins lucrativos de educadores, fabricantes de equipamentos e estúdios, argumenta que apenas em torno de 1/4 ou 1/3 dos educadores de Pilates foram adequadamente treinados. Lindsay Merrithew, presidente da STOTT PILATES™, uma grande fabricante de equipamentos para Pilates, que também dirige um programa de treinamento, alega que os números podem ser ainda menores. A STOTT PILATES™ possui como única fabricante, fora do Canadá, a brasileira Metalife Pilates.
Alguns dos chamados movimentos clássicos de Pilates, como o “roll-over”, podem causar lesões no pescoço se feitos incorretamente, diz Michele R. Scharff-Olson, fisiologista e diretora de pesquisa no laboratório de desempenho humano da Universidade de Auburn em Montgomery, Alabama. Outros movimentos clássicos de Pilates podem causar distenção das costas. O “mergulho do cisne”, por exemplo, envolve dobrar o corpo num arco e se balançar apoiado sobre a barriga com braços e pernas a aproximadamente 15 centímetros do chão.
“Existem algumas questões técnicas que podem causar problemas”, diz William O. Roberts, presidente da American College of Sports Medicine. Adeptos, do Pilates clássico que acreditam que o condicionamento físico está sendo vítima do marketing também chamam a atenção para algumas inovações. Para queimar mais calorias, por exemplo, algumas academias promovem o “Cardio” Pilates, que realiza certos movimentos rapidamente e várias vezes. Contudo, Pilates, conforme foi desenvolvido entre 1912 e 1926 pelo boxeador e ginasta Joseph Pilates, envolve uma série de movimentos controlados executados lentamente e com poucas repetições.
Antigamente restrito a um pequeno número de estúdios especializados, o Pilates se espalhou invadindo academias e centros de condicionamento físico em todo o pais. E esse mercado para equipamentos de Pilates mais do que quadruplicou desde 1999.
Diferente dos equipamentos para levantamento de peso, onde o foco está em mover um ou dois grupos musculares por vez, Pilates envolve diferentes partes do corpo todos se movimentando ao mesmo tempo. Exercícios realizados no equipamento de Pilates também podem demandar muito da pessoa. Por exemplo, mais de 75 tipos diferentes de exercícios podem ser realizados no “reformer”.
Alguns instrutores, com maior experiência, dizem que os instrutores iniciantes devem começar pelos equipamentos de Pilates e não pelos exercícios de solo. Também dizem que é melhor aprender Pilates apenas um aluno por professor ou em pequenos grupos. No entanto, para aumentar a atratividade de Pilates muitas academias enfatizam aulas solo com grupos numerosos. Indo, novamente, contra um dos princípios do Pilates.
Fonte: THE WALL STREET JOURNAL
Por: Sally Beatty

domingo, 27 de fevereiro de 2011

MMA moderno: treinamento específico e aeróbico

Atualmente as Mixed Martial Arts (MMA) passam por um momento de evolução como um esporte popular. As técnicas evoluíram, as regras evoluíram, os lutadores evoluíram tornando-se completos e a preparação física também evoluiu, porém ainda não conseguimos acompanhar a demanda e logo o excesso do empirismo ganha enorme espaço trazendo na bagagem experiências de outras modalidades esportivas como futebol americano, Competidores de Fitness e algumas outras com o treinamento já configurado, com certeza para o objetivo delas.

Em um olhar clínico seria injusto apontar uma determinada metodologia e nomeá-la como padrão para todos os lutadores, isto já retiraria a especificidade do treinamento configurado por categoria e estilo do lutador (striker, wrestler ou grappler), componente que torna o MMA um esporte atraente para novos praticantes.

Existe sim, um bom senso quanto ao treinamento específico, e acredito que muitas vezes, os preparadores físicos almejam aparecer mais do que os treinadores (head coaches) e do que o próprio lutador. Como preparador, sei até onde vai o suporte de uma preparação física e esta última não deve ser superior a preparação técnica.

Quanto aos acessórios de treino como o pneu de trator, o elástico entre outros, podem ser incluídos sim, porém existe uma cota para utilização dos mesmos. Particularmente em alguns casos a “velha” barra e o “velho” hálter podem proporcionar resultados positivos, mas o que vemos muitas vezes são algumas criações circenses.

O grande segredo está no planejamento e na boa relação lutador-preparador. O primeiro grande passo é enxergar o lutador como ser humano e não como número, e depois claro, não podemos descartar o lado “atleta de alto rendimento”.

No início de cada periodização é realizado um trabalho linear, ou seja, uma valência física desenvolvida, por exemplo a força, e nesta seria variada a porcentagem da carga. Veja o modelo a seguir:

Semana 1 (Força – 90% de 1RM);
Semana 2 (Força – 100% de 1RM);
Semana 3 (Força – 80 a 85% de 1RM).
*RM = Repetição máxima

Já a periodização mais utilizada hoje no MMA é a não linear, que utiliza e desenvolve alternadamente as valências exigidas no combate, como força, potência, resistência de força e manutenção de força. Podemos ver um exemplo bem simples de cronograma de treino dentre vários:

Segunda-feira (Força Específica):
Desenvolvimento de força através de movimentos que simulem gestos do combate.

Quarta-Feira (Potência – Pliometria):
Trabalho de saltos combinados com chutes e joelhadas, flexões pliométricas combinadas com socos e cotoveladas.

Sexta-Feira (Resistência de Força):
Treino Circuitado com objetivo de aumentar o lactato, ou seja, criar maior resistência muscular.

A divisão do cronograma, a porcentagem de carga e variedade de exercícios fica a critério do preparador físico de acordo com o peso por categoria e o estilo de cada lutador.

Pelo que se consta é o método mais eficaz e que vem prevenindo a ocorrência de lesões por simular gestos executados em situações de combate.

Segundo o preparador Ítallo Vilardo, qualquer movimento que o corpo humano faz é treinável. Esta definição logo mata a questão do treinamento de cardio para lutadores. O que seria mais eficaz e funcional para o atleta de MMA: lutar em treino configurado ou correr?

* Por Diogo L. de Souza
Formado em Educação Física pela UNISA, pós-graduado em reabilitação cardíaca e casos especiais pela Universidade Gama Filho,Faixa-preta de BKenpo, faixa-azul de Jiu-Jitsu, Preparador físico credenciado pelo Conselho Nacional de Boxe, gerente de carreira de lutadores de MMA, colaborador sobre temas de preparação física do site dos irmãos Nogueira, Leandro Paiva, BKenpo e outros, além de ser um dos idealizadores do Team Nogueira Camp 2001 by Coach.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Lutadores Possuem Estrutura Óssea Mais Forte?

Em estudo que acaba de ser publicado com grande número de indivíduos avaliados, os cientistas desejavam descobrir se haveria influência da prática regular de Arte Marcial sobre o esqueleto dos lutadores comparando-os a indivíduos não adeptos a essas práticas.

Para tal, os pesquisadores selecionaram um grupo com 226 homens (idade média: 25,64 anos), que praticavam em média a 61,9 meses, com frequência média de 3 vezes por semana. Esse grupo foi comparado com um grupo controle (não praticantes) de 502 indivíduos.

O estado esquelético foi avaliado por ultra-sonografia quantitativa, em falanges ("partes dos dedos") da mão.

Foi verificado que até os 18 anos de idade, não houveram diferenças relevantes entre os lutadores e os indivíduos do grupo controle. No entanto, verificou-se que até os 35 anos de idade, haviam diferenças significativas.

Os resultados indicaram que maior tempo de prática, frequência e idade de iniciação na Arte Marcial influenciava positivamente o estado esquelético.

Os pesquisadores concluíram baseados nesses achados que havia influência positiva da prática sobre o estado do esqueleto dos lutadores, com benefícios mais importantes verificados em indivíduos adultos (com mais de 18 anos de idade).

Referência: Bogna Drozdzowska; Ulrich Münzer; Piotr Adamczyk; Wojciech Pluskiewicz. Skeletal Status Assessed by Quantitative Ultrasound at the Hand Phalanges in Karate Training Males. Ultrasound in Medicine and Biology, v.37, n.2, p.214-219, 2011.

* Paiva, L. Pronto Pra Guerra: Preparação Física Específica para Luta e Superação. 2ª Edição. Amazonas: OMP Editora, 2010.